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Mensagem de uma Nutricionista em época de quarentena.

Eles dizem que deves manter as rotinas, manter as refeições regulares, assistir e realizar treinos online.

Mas há um mês que tinhas cortado relações com a placa de fogão. Há um mês que não picavas uma cebola à chefe. Há um mês que não combinavas o sabor do pimentão doce com o açafrão. Há um mês que os bolos que implicavam bater claras em castelo eram excluídos das opções. Há um mês que não fazias o bolo da avó, o arroz malandro a escaldar, o assado com a pele do frango caseiro que te enche de prazer ao estalar. Há um mês que adias fazer aquelas panquecas com farinha de cocô e aquele bolo “health” que a Catarina Gouveia tanto fala.

Abres as redes socias e deparas-te com a realidade online: o bolo que mais parece ter sido desenhado; o corpo que te obriga a colocar zoom para comprovar que não estás a sonhar; o treino que te faz transpirar só de olhar; a nutricionista que promove a consulta online e o PT que amanhã vai fazer um treino ao vivo.

Entre likes, histórias e publicações da barriga da Carolina Patrocínio, páras! Olhas para ti e vês os teus pés descalços naquelas meias às bolinhas cor de rosa, a roupa desbotada de andar em casa e que passou a ser o teu melhor outfit, o cabelo esgadelhado e a cara marcada da borbulha que persiste em aparecer. E eis que é neste momento que o teu mundo desaba, que te sentes feia, desmotivada, sem vida e uma extra-terrestre social.

Mas há uma coisa que tu não sabes: a vida social é um jogo de ilusões. Cabe-te a ti participar ou não!

Por isso mesmo o que te venho dizer hoje é sem filtros: aproveita esta quarentena para fazeres as coisas que te dão prazer e que adiaste por causa da reunião que se alongou, dos trabalhos de casa dos mais pequenos, da camisa que engomaste meticulosamente para que o teu marido entrasse aprumado ao trabalho no dia seguinte. Que o bolo da avó, o arroz malandro e a pele do frango te confortem de prazer. Que as tábuas, os faqueiros, as formas e as varinhas saiam do seu isolamento. Afinal, tens o resto do ano para voltar à salada iceberg com abacate e molho de limão siciliano.
O segredo estará sempre no equilíbrio!

Vemo-nos em breve!

A tua nutricionista

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Teletrabalho e a importância da rotina em tempos de COVID-19

Num período como o que vivemos, em que se ouve ou pensa “nunca imaginei estar a viver isto”, em que a necessidade de mudar hábitos e rotinas se impõe, em que todos os dias é um novo desafio e se põe à prova a nossa capacidade de adaptação, é importante que consigamos encontrar um equilíbrio para gerir todas as emoções que vão surgindo.
Assim, é preciso entender que esta mudança de estilo de vida, que está a afetar a maioria dos portugueses, vive na incerteza. Na incerteza de quando acabará, na incerteza de quando abraçaremos os nossos, na incerteza de como vai ser quando voltarmos ao trabalho presencial, entre outras questões que surgem em cada um de nós.
No que concerne ao teletrabalho, é pedido a grande parte das pessoas que trabalhe de forma completamente diferente. É exigido que continuem a produzir de forma eficaz, mas que, juntando a isso, não saiam de casa, se adaptem às novas tecnologias, aprendam a trabalhar com ferramentas novas, tomem conta dos filhos, auxiliem na tele escola, façam as tarefas domésticas, etc.
Torna-se então natural que comece a existir um nível de exaustão maior, que comece a existir um nível de desespero maior e que aconteça uma desregulação emocional.
Desta forma, é necessário haver uma consciencialização de que estamos a passar por um período novo que precisa de uma adaptação. E que esta fase diferente, exige uma mudança de horários e rotinas, organizadas de forma ajustada a cada contexto de vida.
Portanto, para as pessoas que trabalham a partir de casa, esta deixou de ser apenas um sítio de lazer e descanso e passou a ser o escritório, a escola e/ou a creche. A distinção entre o “eu profissional”, o “eu individual”, o “eu conjugal” e o “eu paternal” é feita por uma linha muito ténue e remetido a apenas um local. O tempo que temos para nós, deixou de existir como antes. Por isso, é fulcral que se organize o tempo, que se organize o espaço, que se organize as tarefas, para que se permita organizar a mente.
Mas o que fazer para tornar algo certo, neste mar de dúvidas?

1. Definir um horário para acordar. Mesmo em casa devemos definir uma hora e colocar o despertador. Vamos continuar a dar os bons dias ao mundo de uma forma sorridente;
2. Tratar da higiene pessoal e mudar de roupa, o dia do pijama deve manter-se apenas ao domingo. Mesmo não saindo de casa, devemos mimar-nos e arranjar-mos para nos sentirmos melhor;
3. Definir um sítio para o trabalho, evitando que seja o mesmo de descanso/lazer. Esta distinção vai permitir que se comece a associar o local de trabalho como um sítio mais sério, não alterando a forma de ver os outros locais da casa. Durante esta fase é essencial que aquele sítio seja apenas utilizado como “escritório laboral”;
4. Estabelecer um horário de trabalho, não devendo trabalhar fora do mesmo, pois se esse horário existe quando se faz o trabalho presencial, tem de existir no teletrabalho também. Em casa há sempre a tendência a trabalhar-se mais, em extender os minutos para acabar aquela tarefa. Só que torna-se essencial esta distinção para que, quando seja para trabalhar, a nossa mente não se perca nas inúmeras tarefas que estão pendentes em casa e vice-versa;
5. Fazer pausas de 5/10’min, para beber um café/chá, ou seja, após algum tempo focado no trabalho, respirar um bocado e limpar a cabeça do stress;
6. Fazer exercício físico e manter uma alimentação saudável. Está provado que hábitos saudáveis ajudam a aliviar o stress e a produzir mais energia.
7. Não perder a esperança. As coisas não vão ficar iguais, e precisamos de nos consciencializar disso. Mas não se pode deixar de acreditar que vão melhorar e que isto nos tornará mais resilientes.