Num período como o que vivemos, em que se ouve ou pensa “nunca imaginei estar a viver isto”, em que a necessidade de mudar hábitos e rotinas se impõe, em que todos os dias é um novo desafio e se põe à prova a nossa capacidade de adaptação, é importante que consigamos encontrar um equilíbrio para gerir todas as emoções que vão surgindo.
Assim, é preciso entender que esta mudança de estilo de vida, que está a afetar a maioria dos portugueses, vive na incerteza. Na incerteza de quando acabará, na incerteza de quando abraçaremos os nossos, na incerteza de como vai ser quando voltarmos ao trabalho presencial, entre outras questões que surgem em cada um de nós.
No que concerne ao teletrabalho, é pedido a grande parte das pessoas que trabalhe de forma completamente diferente. É exigido que continuem a produzir de forma eficaz, mas que, juntando a isso, não saiam de casa, se adaptem às novas tecnologias, aprendam a trabalhar com ferramentas novas, tomem conta dos filhos, auxiliem na tele escola, façam as tarefas domésticas, etc.
Torna-se então natural que comece a existir um nível de exaustão maior, que comece a existir um nível de desespero maior e que aconteça uma desregulação emocional.
Desta forma, é necessário haver uma consciencialização de que estamos a passar por um período novo que precisa de uma adaptação. E que esta fase diferente, exige uma mudança de horários e rotinas, organizadas de forma ajustada a cada contexto de vida.
Portanto, para as pessoas que trabalham a partir de casa, esta deixou de ser apenas um sítio de lazer e descanso e passou a ser o escritório, a escola e/ou a creche. A distinção entre o “eu profissional”, o “eu individual”, o “eu conjugal” e o “eu paternal” é feita por uma linha muito ténue e remetido a apenas um local. O tempo que temos para nós, deixou de existir como antes. Por isso, é fulcral que se organize o tempo, que se organize o espaço, que se organize as tarefas, para que se permita organizar a mente.
Mas o que fazer para tornar algo certo, neste mar de dúvidas?
1. Definir um horário para acordar. Mesmo em casa devemos definir uma hora e colocar o despertador. Vamos continuar a dar os bons dias ao mundo de uma forma sorridente;
2. Tratar da higiene pessoal e mudar de roupa, o dia do pijama deve manter-se apenas ao domingo. Mesmo não saindo de casa, devemos mimar-nos e arranjar-mos para nos sentirmos melhor;
3. Definir um sítio para o trabalho, evitando que seja o mesmo de descanso/lazer. Esta distinção vai permitir que se comece a associar o local de trabalho como um sítio mais sério, não alterando a forma de ver os outros locais da casa. Durante esta fase é essencial que aquele sítio seja apenas utilizado como “escritório laboral”;
4. Estabelecer um horário de trabalho, não devendo trabalhar fora do mesmo, pois se esse horário existe quando se faz o trabalho presencial, tem de existir no teletrabalho também. Em casa há sempre a tendência a trabalhar-se mais, em extender os minutos para acabar aquela tarefa. Só que torna-se essencial esta distinção para que, quando seja para trabalhar, a nossa mente não se perca nas inúmeras tarefas que estão pendentes em casa e vice-versa;
5. Fazer pausas de 5/10’min, para beber um café/chá, ou seja, após algum tempo focado no trabalho, respirar um bocado e limpar a cabeça do stress;
6. Fazer exercício físico e manter uma alimentação saudável. Está provado que hábitos saudáveis ajudam a aliviar o stress e a produzir mais energia.
7. Não perder a esperança. As coisas não vão ficar iguais, e precisamos de nos consciencializar disso. Mas não se pode deixar de acreditar que vão melhorar e que isto nos tornará mais resilientes.